sábado, 29 de junho de 2013

DIALETOS

Uma das características de uma cultura está na forma como as pessoas se comunicam. A lingua portuguesa falada no Brasil é diferente da lingua portuguesa falada em Portugal. Algumas das palavras utilizadas pelos mineiros para se comunicar são diferentes das utilizadas pelos cariocas, apesar de todos falarem português. A forma como uma lingua é expressa em uma dada região caracteriza o que chamamos de dialeto. Os vídeos abaixo apresentam alguns dialetos do português.



                Existe uma diferença entre o que chamamos de língua, de dialeto e de idioma. A língua, tal como o português, o italiano e o alemão “é um sistema formado por regras e valores presentes na mente dos falantes de uma comunidade linguística e aprendido graças aos inúmeros atos de fala com que eles têm contato” (VICHESSI, s.d.). No Brasil, por exemplo, existe uma diversidade enorme de linguas associadas à tribos indígenas.
Idioma é um conceito diferente de língua, mas está associado e este. Ele é um termo referente a identificação de uma nação em relação às outras e depende da existência de um estado político. “Por isso, espanhol é um idioma, mas o basco, não, e o português é uma língua e um idioma. Ou seja, o idioma sempre está vinculado à língua oficial de um país” (VICHESSI, s.d.). O dialeto, entretanto, surge na variação dos termos e modos de falar de sujeitos que compartilham a mesma língua, devido as regiões as quais pertencem.
Clicando aqui você poderá ouvir como é o modo de falar de uma mulher que vive numa comunidade na ilha de São Miguel (Açores). Fica clara a diferença de sotaque e termos utilizados por ela e pelo grupo gaúcho. Isso caracteriza dialetos diferentes.


VICHESSI, Beatriz. Qual a diferença entre língua, idioma e dialeto?. Revista Escola. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/fundamentos/qual-diferenca-lingua-idioma-dialeto-427786.shtml

FOGO DE CHÃO

Na América, quando vamos para uma das regiões mais ao sul do continente, surge um bioma característico: os pampas. Nessa região de planícies as comunidades começaram a adquirir hábitos e costumes de forma que desenvolveram uma cultura característica: o gauchismo. No Rio Grande do Sul existe uma vasta área de pampa que abriga essa cultura bastante diferenciada da do restante do país. Dos pontos famosos do gauchismo está o churrasco à fogo de chão, técnica característica de assar a carne famosa pelo sabor que dá ao prato (principalmente quando a carne é costela de boi). Essa técnica envolve muita ciência, e o objetivo desse tópico será discutir um pouco dessa ciência. Mas antes de discutir temos que aprender a fazer churrasco de chão! Pois bem, aí está um profissional gaúcho ensinando a fazer:

Quando começa o vídeo, a primeira coisa que aparece é um sujeito preparando a lenha para assar o churrasco. O primeiro passo para preparar um bom churrasco de chão é não usar carvão, mas lenha pois o fogo que essa faz é mais forte que o do carvão, devido a composição química. A densidade de alcatrão também influencia na diferença no sabor final da carne.
Para analisar a qualidade do churrasco podemos analisar como o fogo vai aquecer a carne. Neste caso, temos uma transferência de calor por convecção do fogo da lenha para a carne, utilizando o ar como fluído em movimento. Após o ar aquecido atingir a superfície da costela, o calor passa por condução para a parte interior da carne. A grande vantagem em se fazer costela usando esta técnica está nos ossos do boi, que são ótimos dissipadores de calor. Eles permitem uma melhor transferência de calor dentro da carne evitando uma superfície bem passada e um interior mal passado.
Importante também é deixar a costela em pé quando for fixá-la no chão. A superfície de contanto entre a carne e o ar aquecido aumenta de forma que ocorre uma maior transferência de calor, acelerando o processo de assar da carne. Um truque fundamental para o bom assar da costela é deixar os ossos na vertical (e não na horizontal). Como o ar quente sobe, ele tende a aquecer mais os ossos de cima (caso eles estivessem na horizontal), mas se deixarmos eles na vertical o calor é transferido de maneira mais homogênea para a carne (pois nenhum osso, em média, vai ficar mais aquecido que outro). Abaixo segue uma foto que retrata esta análise.


Outro passo importante, que acabou não sendo comentado neste vídeo, é o uso da cachaça para melhorar a aderência do sal. Antes de colocar o sal, vários churrasqueiros banham a costela com cerveja ou cachaça que, após a adição do sal, forma uma “paçoca” que adere melhor na carne que o sal solto, devido a tensão superficial do líquido (no caso um líquido alcoólico). Muitos churrasqueiros falam que a carne fica muito melhor devido a este processo.
                No mais é isso, espero que vocês tenham gostado do tópico. Boa churrascada!

A GRALHA AZUL

Um passáro famoso na cultura do estado do Paraná é a gralha azul e neste tópico pretendemos discutir o que faz esse animal ser tão importante pra o folclore desta região. Para quem ainda não conhece a gralha azul, aqui está um vídeo de apresentação mostrando uma das lendas criadas sobre esta ave.


Dentro de ecossistemas é comum o surgimento de interações entre os diversos seres vivos que fazem parte dele, constituindo o que chamamos de relações ecológicas. Essas relações podem ser divididas, em primeiro momento, em dois tipos: As interespecíficas, de animais de espécies diferentes, e as intraespecíficas, de animais da mesma espécie. Das relações interespecíficas, existem as harmônicas, em que nenhuma das espécies fica prejudicada devido a relação, e as desarmônicas, em que uma das espécies sai prejudicada. Das relações interespecíficas harmônicas, existem quatro classificações:
è Simbiose: Relação onde os dois indivíduos são benefíciados e ambos necessitam desta relação para sobreviver.
è Protocooperação: Relação onde os dois indivíduos são benefíciados, mas podem sobreviver independetemente.
è Inquilinismo (harmônica): Relação onde somente um dos indivíduos se beneficia, mas ele não causa prejuízo ao outro indivíduo.
è Comensalismo (harmônica): Relação onde um dos indivíduos se aproveita dos restos dos alimentares de outro, sem prejudicá-lo.
A relação entre a gralha azul e araucária é classificada como uma relação interespecífica harmônica de protocooperação, pois ao mesmo tempo em que ela adquire alimento, a araucária é beneficiada com a dispersão de suas sementes. Também é possível que a gralha sobreviva sem se alimentar da semente de araucária, mas de insetos e outras frutas, e que a araucária consiga dispersar a semente atráves de uma relação com outros animais.
Essa situação torna possível avaliar, além das relações ecológicas, uma relação de seleção natural associada a este comportamento da gralha. O vídeo abaixo foi criado para apresentar o conceito de seleção natural:

Por uma questão de defesa, a gralha azul costuma fazer seu ninho nas partes mais altas de árvores e as araucárias são ideais para isto. Para que predomine a existência de araucárias nas florestas, a gralha adaptou seu organismo de forma a dissiminar as sementes destas, pois isto privilegiava sua sobrevivência. Isto pode ser observado no seu método de interação com as sementes, colocando-as em locais propícios para o crescimento de um novo pinheiro. A gralha escolhe estes lugares pois farão com que o pinhão se torne mais facilmente comestível após uma quantidade de tempo, mas o aspecto curioso é que ela planta mais sementes do que comerá. O fato de ela “esquecer” de ir atrás de todos os pinhões que plantou pode ser visto como uma tendência que ela desenvolveu naturalmente para aumentar a quantidade de araucárias nas florestas.

A FARRA DO BOI

Um dos elementos culturais mais discutidos no sul do Brasil, principalmente na época de páscoa, é a farra do boi. Existem duas opiniões bastantes distintas a cerca desta prática: Os participantes alegam ela (a “farra”) faz parte do folclore e da cultura típica da região, e os defensores dos direitos animais alegam que ela é altamente cruel com o animal. Para começarmos a discutir a farra do boi é melhor compreendermos bem como ela funciona. Os vídeos abaixo mostra essa prática:




Nesse tópico pretendemos apresentar os aspectos históricos associados a criação deste elemento. Essa prática teve início no Brasil com uma decisão da coroa portuguesa de ocupação mais efetiva do Sul do Brasil. Para isto, mais de seis mil pessoas que residiam nas ilhas dos açores imigraram até a ilha de Santa Catarina (atual Florianópolis) entre os anos de 1748 e 1756. Os açorianos que aqui se instalaram reproduziram os elementos do seu local de origem e por mais de dois séculos essa prática continuou sendo realizada.
                Na cultura açoriana, era comum que no período da quaresma as famílias comessem carne de boi. Entretanto, no início não existia nesta região uma cultura de criação de gado. Os bois utilizados na farra eram normalmente negociados com tropeiros que vinham do alto da serra e vendiam para os pescadores. A existência da cultura tropeira foi fundamental para que a farra do boi prevalessesse até hoje.
                Essa cultura também faz parte da história do sul do país. Eles formavam grupos que atravessavam regiões entre os centros consumidores e os centros produtores, levando os produtos de uma região para outra. Sua existência acabou sendo responsável pela fundação de várias cidades no interior do país. O vídeo abaixo apresenta os principais aspectos do tropeirismo:


Existe uma diversidade de modelos de farra do boi. Em alguns lugares é permitido agredir os bois com paus e pedras. Em outros só é permitido incitá-lo usando camisetas, sem machucá-lo. Inevitavelmente, o animal fica amedrontado e poderíamos caracterizar este processo por uma tortura psicológica ao animal. Em 1997 foi proibida pelo Supremo Tribunal Federal. A punição varia, mas pode chegar até um ano de prisão.